A Federação Nacional das Apaes (Fenapaes) participou na última semana, nos Estados Unidos, da 17ª sessão da Conferência dos Estados Partes da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (COSP17), realizada na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. O evento, que reuniu representantes de diversos países, organizações internacionais e entidades de sociedade civil, é um fórum vital para debater propostas para defender, garantir e promover os direitos das pessoas com deficiência.

Como uma das cinco organizações da sociedade civil (OSCs) do país selecionadas, a Apae Brasil fez parte da delegação brasileira no evento, liderada pela secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Anna Paula Feminella, representando o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). As outras quatro entidades selecionadas foram: Federação das Apaes do Estado de São Paulo (Feapaes-SP), Escola de Gente, APABB e Simbora Gente.

A comitiva apaeana foi composta pelo presidente e vice-presidente, prof. Jarbas Feldner de Barros e Léo Loureiro, respectivamente; pelo coordenador nacional de Defesa de Direitos e Mobilização Social, Adinilson Marins; pelo analista de pesquisa Wagner Saltorato; pelo superintendente do Instituto de Ensino e Pesquisa Darci Barbosa (IEP-MG), Sérgio Sampaio; pela neuropsicóloga, especialista em TEA e mestra em educação Fabiana Lisboa; e pela presidente da Feapaes paulista, Cristiany de Castro.

De acordo com o prof. Jarbas, a Fenapaes atuou de forma ativa para enriquecer os debates e contribuir com uma perspectiva para a criação e implementação de políticas públicas mais inclusivas e sensíveis às necessidades específicas das pessoas com deficiência e suas famílias, tendo em vista a importância, a experiência e o comprometimento do movimento apaeano na defesa e garantia de direitos.

“Para nós, está sendo uma experiência muito rica, porque nós estamos tirando algumas conclusões que o Brasil está bem. As nossas políticas públicas, as nossas organizações sociais, especialmente o movimento apaeano, em momentos se apresentam com avanços e conquistas importantes que nós não vimos aqui. Nós percebemos que as nossas ações devem ser mantidas e aceleradas, para que nós possamos atingir o mais rápido possível aquilo que nós desejamos. A minha satisfação de estar aqui foi de conhecer o que o mundo está pensando, mas, principalmente, que nós estamos no caminho certo e que nós podemos avançar muito mais com aquilo que nós estamos fazendo. Então, foi muito importante a nossa presença”, afirmou.

Ao manifestar satisfação por participar da COSP17, o presidente da Fenapaes aproveitou ainda para agradecer ao governo brasileiro por integrar a comitiva oficial e as empresas MDMB, Capemisa e Sollo, que viabilizaram a ida da comitiva apaeana aos EUA, permitindo assim a oportunidade de a entidade ter acesso a novas informações, experiências e novos conhecimentos, além de levar ao conhecimento de outras nações as atividades desenvolvidas pelo movimento apaeano.

Já Léo Loureiro enfatizou a necessidade de agora absorver as discussões globais na convenção e aplicá-las, fazendo um trabalho em conjunto. “Agora é levar para o Brasil a mala cheia de informações, para que nós possamos, juntos com a Rede apaeana, fazer o trabalho de políticas públicas com os nossos parlamentares, com os Poderes Executivo e Judiciário, Ministério Público, para mostrarmos o que está acontecendo no mundo, seja de inclusão de emprego e renda, seja da questão da educação especial, seja da questão da saúde, ou seja, toda as áreas que nós atendemos, que a Apae consegue trabalhar”, afirmou o vice-presidente.

Coordenador de Defesa de Direitos e Mobilização Social, Adinilson Marins destacou a importância das discussões no evento. Para Adinilson, a troca de experiências foi essencial para entender as diversas realidades globais. Além disso, corroborou com o prof. Jarbas de que, embora tenha muitos avanços a realizar, o Brasil está à frente da grande maioria dos países, reforçando também a necessidade de aprender com os outros. “Nós viemos aprender, mas também ensinar o que deu e o que está dando certo em nosso país”, concluiu.

Agenda

A delegação brasileira iniciou a sua participação na segunda-feira (10) em um fórum com a sociedade civil. No dia seguinte, ocorreu a abertura oficial do evento com discursos de autoridades, eleição do Comitê da ONU e debates gerais.

Nesta edição, a conferência discutiu temas cruciais, a exemplo das tragédias humanitárias, tanto em relação a guerras quanto às tragédias climáticas, ou seja, situações onde as pessoas com deficiência e suas famílias são um dos grupos mais impactados.

Além da educação inclusiva, foi debatido também a questão da inclusão no mundo do trabalho, sobre os caminhos que as famílias estão buscando para garantir a empregabilidade de seus filhos. Uma das propostas da Rede Apae Brasil é tanto fortalecer a legalidade do trabalho formal quanto desenvolver programas para trabalhadores autônomos, para que essas pessoas tenham mais oportunidades.

A delegação esteve ainda presente na eleição dos membros da comissão dos direitos das pessoas com deficiência. A senadora Mara Gabrilli foi reeleita para compor o Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CRPD) e vai cumprir o mandato de 2025 a 2028. Concorrendo com outros 12 candidatos, a representante foi eleita com o voto de 140 países dentre os 186 que votaram.